Piedade co-mo-ven-te

A notícia:
Carne eqüina, suculenta e adocicada, começa a chegar aos cardápios de SP

A matéria de Janaína Fidalgo é como aquelas que enchem o horário do Fantástico: sobre uma "novidade" culinária. No caso, carne de cavalo. Claro que não é novidade, mas a matéria fala sobre o aumento do consumo e faz o devido merchan do restaurante. Mas a frase que me fez parar diante do monitor, estupefato, foi:

"Quando vai ficando velho, o cavalo de lida é uma dor de cabeça para o sitiante, que mal consegue sustentar a família. Isso acaba, não intencionalmente, gerando maus tratos. O frigorífico torna-se uma solução", diz o professor do departamento de economia da Esalq-USP Roberto Arruda de Souza Lima, que já publicou artigos sobre carne de cavalo."

O economista fala sobre a impressionante piedade humana: Já que o animal já foi terrivelmente explorado, forçado a trabalhar, se reproduzir e se comportar de forma anti-natural durante toda a sua vida, a melhor coisa a fazer agora que ele está "velho" é assassiná-lo, fatiá-lo e vendê-lo para virar almôndega no restaurante. Coloco velho entre aspas porque um animal que poderia viver 30 anos, geralmente vive de 5 a 10, submetido a constante exploração.

Me lembrei do espisódio da "Família Dinossauros" em que discute-se o fato da matriarca da família estar muito velha, e que, seguindo as tradições, deverá ser jogada de um penhasco. Talvez o economista e os sitiantes façam o mesmo com seus parentes, quando envelhecem. Talvez os filhos destes o farão.

Realmente as pessoas acham esse tipo de coisa normal e palatável?

Eu acredito que comer carne é o menor dos problemas de quem não sente repugnância por esse tipo de modus operandi da relação entre pessoas e animais.

Um comentário:

.:.Isabel.:. disse...

Ê! Reformou a casa, ´tá bonito isso daqui.

Esse seu post só ratificou minha atual condição ovolacto - mesmo que em todas as vezes que parei de comer carnes, parei porque o corpo/paladar pediu.

Beijo na boca e mordida no pescoço.